Quem são os maiores investidores em startups no Brasil

Investir em startup não é para qualquer um! Tá certo que o mercado é grande e existem vários tipos de investidores. Mas os maiores investidores em startups do Brasil são pessoas com um autocontrole invejável.

Esse perfil de investidor tem nervos de aço para suportar a natureza incerta do empreendimento. É muito comum eles terem uma profunda relação de propósito com o investimento e muitas vezes fazem aportes frequentes por anos seguidos.

Os maiores investidores em startups no Brasil são pais e mães que sustentam seus filhos programadores enquanto eles especulam em hackathons, concursos de pitch e eventos de demonstrações de MVPs, na esperança de tirarem a sorte grande de caírem nas graças de um investidor, sem se darem conta que o importante é o cliente.

Há quem diga que o puro e simples Darwinismo dará conta de conscientizar a galera. Talvez. Mas na minha opinião o custo é alto.

Eu tenho uma startup…

“Eu tenho uma startup.”

Esta afirmação é para os dias de hoje, o que “eu tenho uma banda” era nos anos 90. É uma espécie de negócio de Schrodinger: nada e qualquer coisa ao mesmo tempo.

Nem todo negócio digital é uma startup. A melhor definição de startup que conheço é do Eric Ries:

Uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.

Com frequência eu tenho a sensação que muitos programadores só lêem repetível e escalável e ignoram as condições de extrema incerteza.

Ou seja, o sucesso de uma startup é tão vultuoso quanto improvável. Para um retorno alto, o risco será alto.

Você pode me perguntar: Você está sugerindo que os programadores não corram risco?

Nada disso! Eu estou dizendo que é importante ter consciência sobre o risco que você decide correr. É preciso saber o que você quer ganhar, assim como o que você está disposto a perder.

Dessa forma, não se confunde risco com esperança. Afinal a esperança é a última que mata!

Ah, mas eu estou na melhor fase para arriscar!

Na última década, eu já perdi a conta de quantas vezes eu ouvi isso. Uns por se considerarem jovens. Outros por se considerarem especiais. Outros por desfrutarem de um, nem sempre reconhecido, suporte familiar.

Na verdade o risco é parte da vida e todos corremos risco o tempo inteiro. Se você não sabe o risco que você está correndo, cuidado!

As racionalizações para se lançar em busca de uma máquina automática de fazer dinheiro na internet são muitas, e foi ouvir isso novamente esta semana, em pleno 2017, que me motivou escrever este artigo.

Aliás, se sua família pode lhe proporcionar um suporte, ótimo! Não se sinta culpado por isso! Honre a oportunidade e sacrifício deles, e torne-se a melhor versão de si mesmo.

Mas não pense que não há custo… que você não tem nada a perder. Não existe almoço grátis!

Eu fiz uma pesquisa informal no Facebook sobre quanto ganham programadores estagiários, júnior, pleno e sênior nas várias regiões do país. Apesar de eu achar que estas categorias não fazem muito sentido, serviram seu propósito de me dar uma noção de como as pessoas observam a evolução salarial de um programador.

Fazendo uma conta de padeiro, considerando uma evolução salarial de 10 anos de um programador que começa do zero e vai progredindo ao longo dos anos, fica fácil o chute de que fazer algo próximo de R$ 500.000,00 no período não é absurdo.

Então a pergunta que fica é: O que você está fazendo que é melhor que este caminho padrão?

Só você poderá responder. E também não tem resposta errada. Mas ter uma resposta é muito útil para te ajudar a não se perder no tempo…

O ótimo que inviabiliza o bom

As exigências de escala do modelo de startup são bastante desafiadoras e restritivas. Com frequência boas ideias são descartadas por não passar por esse filtro. Ideias que muitas vezes, poderiam virar negócios rentáveis em outra lógica sem ser startups.

Pra mim essa é a palavra mágica: Rentabilidade.

No Brasil, ainda se fala muito de faturamento. De quanto dinheiro entrou na empresa em um ano. Mas e quanto dinheiro sobrou depois que a empresa pagou todos os seus compromissos?

Um negócio rentável é aquele que gera um lucro líquido que justifica o investimento.

Em muitos setores os investimentos e custos criam uma enorme barreira de entrada. Mas com programação, é possível gerar receita investindo muito pouco e mantendo os custos muito baixos.

Além disso, com a aplicação de inteligência em automação, simplificação de processos e redução de desperdícios, você ainda consegue alavancar a sua produtividade permitindo um nível de sistematização que muda a relação entre o quanto você trabalha e o quanto você ganha.

É como uma caixa de marcha de um carro que permite que 1 giro do motor resulte em N giros da roda. Você pode usar a tecnologia para que 1 hora do seu trabalho resulte em uma quantidade de dinheiro superior ao que você ganharia vendendo puramente o seu tempo.

No entanto, por alguma razão muita gente só vê os extremos e acaba não percebendo oportunidades que viabilizam o estilo de vida que se deseja.

Esta época em que vivemos, é muito interessante. O digital se mescla cada vez mais com o real. Inúmeras carreiras estão se adaptando a este ambiente com novas formas de trabalhar e fazer negócio. E nós programadores temos a capacidade adicional de moldar essa infraestrutura.

Por isso me parece um grande desperdício, que em um país como o Brasil, cheio de coisas por fazer, programadores que tem a capacidade de criar riqueza do nada fiquem distraídos com o glamour do empreendedorismo em vez de dedicarem suas habilidades a resolver problemas reais das pessoas.