Quanto você pagaria pelo software que você desenvolve?

Quanto você pagaria pelo software que você desenvolve?

Todos nós, programadores, já tivemos em projetos que custaram um rio de dinheiro, mas que entregaram um software meia boca. Por que isso acontece? Porque o foco da equipe está em executar demandas e não em resolver problemas.

Quando isso acontece, o que vemos é desperdício, brigas na equipe, prazos insanos e um escopo cresce sem parar. Nesse ambiente, as pessoas deixam de se preocupar em criar uma solução e passam a gastar tempo pensando em desculpas esfarrapadas para empurrar a culpa para os colegas.

Para quebrar este círculo vicioso, é preciso entender qual o real trabalho do programador — que não é programar. É entender como os sistemas funcionam e aplicar o conhecimento dele para resolver o problema das pessoas.

Quando você saca isso, muitas oportunidades se abrem, porque você deixa de depender do mercado de trabalho e passa a focar no mercado de problemas, onde as possibilidades são quase infinitas.

Você vai me dizer: “beleza, Henrique, concordo com você, mas como vou dizer pro meu chefe ou meu cliente que estamos trabalhando errado?”. Aqui chegamos ao ponto que me fez enxergar minha jornada de uma forma totalmente distinta.

Para conseguir criar ferramentas que fizessem sentido de verdade, tive que desenvolver minha própria autonomia, que é a capacidade de falar de igual para igual com qualquer pessoa.

Para te ajudar a trabalhar nesse mindset, vou compartilhar com você três elementos que me ajudaram nesse processo.

#1 Entenda o valor que você gera para empresa

Você sabe exatamente quanto dinheiro você fez para empresa em que você trabalha? O trabalho é criar valor. Se alguém está te contratando ou é para economizar dinheiro ou é para colocar dinheiro no bolso.

No meu caso, para entender o tamanho do valor que meu trabalho gerava para o cliente, eu fui no detalhe. Coloquei o financeiro em cada pedacinho do projeto. Assim, consegui identificar o custo da ineficiência e, consequentemente, o valor que o cliente quando eu resolvesse o problema dele.

Para tangibilizar esse valor, você tem que sair do modelo de querer ganhar dinheiro para o de fazer o dinheiro que você leva para casa. Em outras palavras, quando você entende quanta grana coloca no bolso que quem te contrata, ganha mais autonomia para negociar uma parte desse ganho para você.

E, para fazer isso, precisamos entender o próximo ponto.

#2 Código é meio e não é fim

Não é o código que importa. É o que acontece quando aquele código roda. Esse é o verdadeiro trabalho do programador. Se as funcionalidades que você desenvolve não resolvem o problema de quem vai usá-las, não há geração, e sim destruição de valor.

Tecnologia não é só bit e byte. É todo o conhecimento que você pode aplicar para melhorar a sua vida e a dos outros. Na minha jornada, percebi que a maior parte do sofrimento e dos desperdícios que equipes de programadores sentiam era fruto da perda de conexão com o valor que a gente criava para os usuários.

#3 Quem constrói sua autonomia é você mesmo

Esse foi um dos maiores aprendizados da minha caminhada como dev e como pessoa. A melhor forma de estabelecer interações mais ricas — e de eliminar interações tóxicas — é ser protagonista da sua própria carreira.

Autonomia é um conjunto de ferramentas que você desenvolve para fazer o design da sua vida. Para construir esse caminho, eu foquei em me desenvolver, em entender os talentos que eu tinha, em fugir da dependência de uma única fonte de renda e em criar uma rede que me permitisse criar relações de ganha-ganha-ganha, que gerem valor pra mim, pro cliente e pro ecossistema.