Como conseguir um bom emprego de dev mesmo sem ser o cara perfeito para a vaga?
Você já desistiu de participar de um processo seletivo para uma vaga maneira, porque não tinha todos os requisitos técnicos da vaga?
Se isso você passou por essa experiência, neste artigo, vou te mostrar que a parte técnica nem sempre é a mais decisiva. Também vou te explicar como usar os processos de seleção para testar o mercado e se tornar um profissional com muito mais autonomia.
Vou te apresentar ainda a história do Ed, que, seguindo o que os passos que você vai ver aqui, conseguiu mudar o rumo da carreira depois de 18 anos. Vem comigo!
A síndrome do match perfeito
Vejo muita gente que deseja buscar novos rumos na carreira desistir no meio do caminho. Isso acontece principalmente porque a galera acha que processo de contração funciona no esquema do tudo ou nada — ou você tem todos os requisitos ou a empresa vai bater a porta na sua cara.
Isso não é, nem de longe, verdade. Não existe o match perfeito. Um processo seletivo é processo de relacionamento. Nesse sentido, a parte técnica é somente um dos requisitos e, muitas vezes, não é o mais decisivo.
Não é porque você tem todos os atributos que você está no páreo. Conhecimento é importante, mas atitude é mais importante ainda. Um profissional com atitude vai resolver o gap de conhecimento durante a jornada. De nada adianta dominar todas as tecnologias e linguagens da moda, se o cara é incapaz de se relacionar com as outras pessoas da equipe ou se ele só trabalha se for demandado.
Nesse relacionamento entre você e a empresa, tudo conta. Se você entregou o desafio fora do prazo, se atrasou para a entrevista, se não teve zelo com o código, tudo se junta no fim para definir quem fica ou não com a vaga.
O processo é cheio de camadas e tem muitos pontos subjetivos, que estão relacionados com as conexões que se formam durante a jornada como um todo.
Para ilustrar esse ponto, vale trazer um ensinamento do Ed, que vivenciou esse processo na prática. Ele explicou que uma das coisas mais importantes é encontrar conexão entre a necessidade da empresa e o valor que você gera. Isso nos leva ao próximo ponto.
Teste o mercado
Uma coisa que aprendi na minha jornada profissional é que a vida não é fácil. Por isso, temos que ter serenidade e maturidade para nos relacionarmos. A empresa não é seu pai. O mercado não é sua família. O mercado são pessoas com interesses e incentivos querendo resolver a vida. Você tem que ver como você se conecta para encontrar as pessoas que você pode ajudar e as que podem te ajudar.
Para isso, você precisa entender que tipo de valor você gera no mercado e quais problemas é capaz de resolver (se você não sabe como fazer isso, vale a pena assistir a aula em que explico este ponto). Uma forma de descobrir o que as empresas desejam de um profissional é exatamente testar o mercado.
E aqui você tem que estar disposto a quebrar um pouco a cara. Todo processo de entrevista começa com um “não” sentado no seu colo. Você já não tem a vaga. Até por isso, o Ed explica que o fator volume é essencial. “De 50 vagas que aplica, umas 5 devem avançar com o processo. E na quinta entrevista eu já estava mais solto, participativo e confiante do que na primeira”.
A experiência dele (e de muitos outros) demonstra que o processo de se candidatar, mesmo sabendo que não tem todas as qualificações da vaga, permite muito aprendizado. Fazendo isso, você conhece as pessoas, conhece as tecnologias, processos seletivos, problemas e desafios.
Todas essas informações servem de insumo para o seu autodesenvolvimento. Você vai aprendendo, de forma efetiva, onde precisa melhorar para alcançar o emprego que deseja. No caminho, você vai construindo uma valiosa rede de contatos.
Busque feedback, mas saiba avançar sem ele
No processo de testar o mercado, muitas vezes, ninguém vai te dizer o que te tirou do páreo. Isso não acontece porque as empresas são malvadonas, mas porque as pessoas têm de lidar com suas próprias rotinas e cobranças.
Por isso, para conseguir o feedback, a melhor forma é conversar no nível pessoal. Pergunte: “eu sei que dessa vez não deu, mas o que você acha que eu posso fazer para no futuro vir a dar?”. Quando você demonstra que está interessado em se desenvolver, mantém as portas abertas.
O Ed dá um depoimento que mostra bem esse ponto: “seja honesto com o que você sabe e principalmente com o que não sabe. Estude sobre as empresas onde você quer trabalhar e seus ecossistemas. Confie em você, mas aprenda com cada feedback recebido, com cada teste técnico e/ou entrevista feita. Esteja aberto para fazer conexões reais e não somente encontrar um pagador de salário”.
E se o feedback não vier, não se desespere. Não perca energia pensando como os outros deveriam ser. Pense como você se comporta e o que você pode fazer para influenciar as coisas que te afetam. Desenvolva a capacidade de aprender com o processo.
Construa sua autonomia
Tudo que te falei aqui neste artigo eu aprendi tomando muita porrada na minha trajetória profissional. Por isso, eu decidi criar o Welcome to the Django (WTTD) para dividir meus aprendizados com milhares de pessoas, como você e o Ed, que amam programar e que querem trabalhar com projetos que realmente façam sentido e entreguem valor para o usuário.
Comecei o WTTD em 2010 e, desde então, construímos uma comunidade que se ajuda para que todos possam desenvolver sua própria autonomia. O Ed pontuou bem o valor que essa galera proporciona: “a troca das mais diversas experiências de pessoas que já trilharam o mesmo caminho que estou buscando ajuda demais no aprendizado”.
Se você também quer entender como se tornar protagonista da sua carreira usando a linguagem mais versátil do mundo, deixe seu e-mail no formulário abaixo que vou te enviar um vídeo com todos os detalhes do nosso programa.
Confira a entrevista completa com o Ed
1) Me fala um pouco de você: nome, onde você mora, por que decidiu ser programador
Sou Edmilton Neves (ou Ed), moro em São Paulo — SP. A programação me fisgou quando, aos meus 20 anos, eu fazia um bico (hoje em dia seria chamado freelance) de digitador e, ao explicar o problema que o software que eu usava estava apresentando, o desenvolvedor principal me chamou para sentar ao lado dele, eu expliquei o problema, ele abriu o código, fez as alterações necessárias e me pediu pra testar. Como num passe de mágica, tudo estava funcionando corretamente. Naquele momento eu disse: “Quero fazer isso!”, ganhei um mentor na programação e por muitos dias após o expediente eu ia ao escritório passar algumas horas acompanhando o desenvolvimento.
2) Por que você decidiu testar o mercado depois de 18 anos?
Sempre vi vagas que eu pensava “adoraria trabalhar nesta equipe”, mas, ao ler a quantidade de requisitos que as vagas pediam, por muito tempo não me sentia capacitado o suficiente para aquilo e então preferia esperar a “melhor hora”, para não correr o risco de ouvir um “não” e fechar aquela porta.
Ao longo da convivência e aprendizado com o WTTD, fui entendendo que na maioria das vezes não temos o “match perfeito” para a vaga. E uma das coisas mais importantes é encontrar conexão entre a necessidade da empresa e o valor que você gera.
Nossa área tem atualizações e lançamentos num ritmo frenético e é muito difícil saber todas as buzzwords do momento.
3) O que você aprendeu nessa jornada de se candidatar para várias vagas?
Seja honesto com o que você sabe e principalmente com o que não sabe. Estude sobre as empresas onde você quer trabalhar e seus ecossistemas. Confie em você, mas aprenda com cada feedback recebido, com cada teste técnico e/ou entrevista feita. Esteja aberto para fazer conexões reais e não somente encontrar um pagador de salário.
4) Qual foi sua maior dificuldade nesse processo?
Acho que a maior dificuldade foi “destravar” a mente. Entender que não é aplicar para uma vaga e esperar o retorno. Neste cenário, o fator volume é essencial. De 50 vagas que aplica, umas 5 devem avançar com o processo. E na quinta entrevista eu já estava mais solto, participativo e confiante do que na primeira.
5) Qual foi o papel do WTTD nessa sua decisão? Como ele te ajudou?
O WTTD teve um papel essencial nisto. Aprendi o quão valioso é ter Autonomia e para isto, o caminho não é fácil. É necessário mais do que querer, é necessário agir! Além disto, a troca das mais diversas experiências de pessoas que já trilharam o mesmo caminho que estou buscando ajuda demais no aprendizado.