Hoje queria contar para vocês a trajetória do Marcus Gabaldo no Welcome to the Django. Ele tem 40 anos, mora em Curitiba e trabalha na Polícia Rodoviária Federal.
Apesar de ser dentista de formação, ele sempre gostou de tecnologia. Foi com esse interesse que ele encontrou algo que ia alavancar sua carreira. E não estou falando de nenhuma linguagem de programação específica. Estou falando da vontade de resolver problemas.
“Meu chefe sempre gostou do meu trabalho, porque eu resolvia alguns probleminhas de tabela, planilha e fluxo e fazia algumas coisas novas na polícia e ele aproveitava pra ele”, conta.
O exemplo do Gabaldo ilustra uma coisa que sempre falo: a tecnologia não é um punhado de códigos. Ela é um conjunto de ferramentas que usamos para melhorar nossa vida.
Entender isso tem um poder transformador em qualquer ambiente de trabalho, como demonstra outro passo decisivo do nosso policial-programador que veremos a seguir.
Um mês em cinco minutos
Esta etapa da jornada do Gabaldo vai te mostrar o salto que é possível dar quando você deixa de ser um mero executor de demandas e passa ser um solucionador de problemas.
Ele acompanhava todos os dias o trabalho de dois colegas que mexiam com planilhas de pagamento. Em meia hora, a dupla conseguia fazer apenas dois lançamentos.
Vendo aquilo o Gabaldo decidiu usar a programação para dar fim àquela perda de tempo absurda. Ele foi atrás da linguagem que tivesse a menor curva de aprendizado e encontrou o Python.
Com isso, ele criou um código simples, que puxava as informações das planilhas de forma automatizada. O resultado ele mesmo conta: “o que dois policiais demoravam um mês, trabalhando as 8 horas do dia pra fazer com erro, eu fiz em 5 minutos”.
Esse feito é impressionante não só pela economia de tempo que proporcionou, mas por também por liberar a mente de dois profissionais para focar em coisas que gerariam muito mais valor do que ficar copiando dados de um lugar para o outro.
Isso é uma prova de que o valor que você gera não está no seu código, mas sim no que acontece quando ele roda. Entender esse ponto pode te trazer retornos valiosos. No caso do Gabaldo, ele acabou virando chefe da área de recursos humanos.
Renda extra e a importância da comunidade
Percebendo o valor que está além da programação, o Gabaldo encontrou uma oportunidade que estava praticamente na sua casa. Depois de uma reunião de condomínio, na qual o síndico havia relatado vários problemas, ele percebeu que ali tinha uma dor que ele podia resolver usando suas habilidades de programador.
Ele passou uma tarde inteira conversando com o síndico e ao final já tinha o primeiro cliente do seu software. Para construir o produto, ele contou com uma ajuda essencial da comunidade do WTTD. “Achei que a galera ia dar risada, mas logo de cara recebi muito incentivo”, relata.
Essa construção coletiva feita pela galera merece destaque, porque evidencia o que eu prego no WTTD, que é uma nova forma de se relacionar com as pessoas para construir valor para todo o ecossistema.
Quando o Marcus pediu a ajuda da galera no fórum, isso deu início a uma trajetória de compartilhamento de conhecimentos e de aprendizado colaborativo. Organizamos hacktalks para entender a demanda e para o ajudar a fazer a melhor entrega no menor tempo possível. A galera ajudou a construir partes dos códigos e deu o suporte emocional para ele dar o salto de fé e acreditar que era capaz de entregar o que tinha vendido.
Um ponto importante foi a mudança de mentalidade que ele teve na interação com a comunidade. Ele começou com uma ideia de ter um software para vender, com foco nas funcionalidades. E, aos poucos, percebeu o produto é apenas uma consequência de um processo estruturado que tem como objetivo acabar com a dor que o cliente tá sentindo agora.
Esse entendimento teve um retorno financeiro para ele. Com o software pronto, conseguiu negociar uma assinatura com vários síndicos por R$99,90 por mês. “Com essa grana, eu já paguei o curso e dá para pagar outros cursos que vierem”.
Muito além do dinheiro
O mais importante, porém, não foi a grana extra, nem a promoção no trabalho. A maior conquista foi recuperar o prazer em trabalhar. “O maior ganho com WTTD não foram as linhas. Foi a maneira que o Henrique nos ensinou de passar o valor do negócio. O curso me deu um sonho, estímulo e passou confiança”.
O brilho no olho foi tão grande, que toda a família se envolveu na caminha. “Minha família viu que eu tava tão empolgado — minha mulher e minhas crianças — que ela segurou a onda e falou: ‘Marcus, vai lá estudar, que eu tô te vendo como não tinha te visto ainda’”.