Imagem via: Matthias Müller-Prove
Alan Kay é um biólogo norte-americano que revolucionou a história da tecnologia. Ele trabalhou na lendária Xerox PARC e ajudou a criar os computadores pessoais como conhecemos hoje. Além disso, ele foi o inventor da linguagem de programação Smalltalk e um dos pais da programação orientada a objetos. Para completar, recebeu um prêmio Turing em 2003 — o Oscar da computação.
Só esse histórico de peso já justificaria sua escolha como patrono da nova turma do Welcome to the Django, mas ele traz muito mais do que suas realizações. Kay é um cara que trouxe muita luz ao que está além da programação. Isto está sempre em pauta na minha jornada e sempre compartilho com a galera do WTTD.
Ele tem uma visão de resolver problemas usando a tecnologia para conectar com o ser humano. Neste artigo, vou mostrar como a filosofia de trabalho de AK se conecta com a essência do nosso curso.
#1 Linguagem não é tudo
Já falei na introdução que Kay deu bastante foco no que está além da programação. Ele costuma dizer que as empresas estão destruindo seu futuro, porque estão investindo muito em linguagens que lhes são úteis hoje e perdendo as pessoas que poderiam pensar nas melhores soluções para o futuro.
É o que eu sempre digo: o seu valor não está no seu código. Está no que acontece quando seu código roda. Por isso, é importante focar não em dominar as linguagens da moda, mas sim em fazer entregas que melhorem a vida dos usuários e gerem retorno financeiro para o cliente.
A tecnologia deve ser um meio para atingir o resultado final e não um fim em si mesma. O foco deve ser entender como os sistemas funcionam e aplicar seu conhecimento para resolver o problema das pessoas.
#2 Eficácia é melhor que eficiência
Segundo Kay, a maioria das empresas é focada no seu principal processo. Poucas têm um processo para melhorar o processo principal. Quase nenhuma tem um terceiro processo para questionar os processos atuais.
Isso acaba fazendo com que as pessoas percam a conexão com o valor real que deveriam entregar e passem a se concentrar em seguir o roteiro pré-estabelecido.
É por isso que temos que ter em mente que tempo e eficácia são mais importantes do que volume e eficiência. De que adianta ser super eficiente, se você está indo para o lado errado? De que adianta executar uma infinidade de demandas, se nenhuma resolve o problema do usuário? Esse modelo é um ralo imenso de grana.
Nesse sentido, vale a pena prestar atenção no que Kay diz e buscar sempre aprimorar os processos para desenvolver a solução mais eficaz no menor tempo possível. Como ele defende, nossa capacidade de mudar nossa perspectiva sobre as coisas foi responsável pelos nossos maiores avanços nos últimos 400 anos.
#3 Ninguém se desenvolve sozinho
Uma das coisas mais geniais que Alan Kay diz é que não dá pra escalar tendo um controle central. Esse é um grande problema das empresas. É preciso encontrar uma forma distribuída de controle e de responsabilidade, de uma maneira ecológica.
Esse pensamento casa totalmente com tudo que aprendi na minha jornada, que já contei aqui em outro artigo. O meu grande despertar para a autonomia surgiu exatamente quando eu trabalhei como gerente de projeto em uma empresa que seguia esse modelo centralizado e baseado em uma estrutura de comando e controle.
Percebi que, para criar coisas que fizessem sentido e fossem sustentáveis, teria que reconfigurar a forma como eu me relacionava com os outros. Então, aprendi algo que perpassa todo o WTTD: temos que trabalhar para criar trocas do tipo ganha-ganha-ganha. Nesse modelo, ganha que dá, quem recebe e ganha também o ecossistema. Todos melhoram e assim melhoram também o todo.
E isso só se faz trabalhando em comunidade. Ninguém é completo sozinho. É da combinação de talentos que nascem as melhores soluções. Kay exemplifica bem esse ponto quando diz que a internet não tem nenhum centro e nunca quebrou. Ela nunca ficou fora do ar para manutenção. Seu software pode funcionar da mesma forma.
Quebre o círculo vicioso que consome sua energia
Os ensinamentos de Alan Kay nos mostram que é muito fácil nos acostumarmos à uma rotina ruim. Isso acontece porque perdemos a capacidade de enxergar além das necessidades imediatas. Nós não vemos o mundo como ele é, mas sim como nós somos. Segundo ele, o que chamamos de realidade é uma forma de alucinação.
Para sair dessa matrix, o caminho, de acordo com nosso patrono, entender a nós mesmos para superar nossas falhas. Para isso, é fundamental buscar se conectar com as pessoas, suas necessidades e suas dores. Assim, você conseguirá usar sua habilidade com a tecnologia para criar uma trajetória que esteja de mãos dadas com seu propósito de vida.